Mitos e Verdades sobre a Incorporação
Os dicionários trazem, como um dos significados do termo
“incorporar”, a seguinte definição: “Entrar na composição de
algum corpo ou nele se meter”.
Difundiu-se no meio espírita, erroneamente, o termo
“incorporar” para definir o fenômeno da psicofonia.
A palavra “incorporar” nos induz a pensar que o espírito que
se manifesta, se “incorpora” ao médium, ou seja, "se
apropria"do corpo do médium, ou "ocupa" o corpo do
médium, para se comunicar. Mas não é absolutamente isso
o que acontece.
Os fenômenos espíritas não derrogam as leis da física,
portanto dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço
ao mesmo tempo. Assim sendo, o espírito comunicante
não “ocupa” o corpo do médium ao se manifestar - o
processo se dá através de SINTONIA psíquica, e o
fenômeno é sempre DE PERSIPÍRITO A PERISPÍRITO.
O PERISPÍRITO
O perispírito é o que o Apóstolo Paulo chamava de “corpo
espiritual”. É o liame que liga o corpo ao espírito, e é
através dele que as manifestações mediúnicas são
possíveis. Todos os espíritos encarnados, e também os
desencarnados ainda não completamente purificados (ou
seja, que ainda precisam reencarnar, seja na Terra ou não)
são revestidos pelo perispírito.
É através do perispírito que as manifestações mediúnicas se
dão. No caso da psicofonia, erroneamente descrita como
“incorporação”, é o perispírito do médium que entra em
sintonia com o perispírito do espírito comunicante, e
absorve assim suas sensações e pensamentos. O espírito
não está, portanto, no “corpo” do médium. A ligação de
ambos é fluídica; em outras palavras, o que se fundem são
sensações, e não corpos.
Para conhecer mais sobre o perispírito, visite o
A SINTONIA
Para melhor compreender o termo “padrão vibratório”,
pensemos nas ondas do rádio: quando uma determinada
música toca em uma estação, os aparelhos sincronizados
com aquela estação escutarão a mesma música.
A ligação que se processa nas comunicações mediúnicas, é
uma ligação fluídica, onde os dois, espírito e médium,
encontram-se no mesmo padrão vibratório e podem
comungar das mesmas sensações ou pensamentos.
Mas essa sintonia se dá de “perispírito” a
“perispírito”. Explica Herculano Pires, no livro
MEDIUNIDADE, cap.V, “O Ato Mediúnico”, parágrafo
primeiro: “O ato mediúnico é o momento em que o espírito
comunicante e o médium se fundem na unidade psico-
afetiva da comunicação. O espírito aproxima-se do médium
e o envolve nas suas vibrações espirituais.
Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual
atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque
vibratório, semelhante
ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do
médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea
alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um
pouco do outro.”*
E, mais adiante, diz Herculano: “O que se dá não é uma
incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como
a da luz atravessando uma vidraça.”* (*os grifos são
meus).
SEMPRE A MENTE, NUNCA O CORPO
É através da ligação psíquica que os Espíritos nos
transmitem suas sensações e pensamentos, seja nos casos
de manifestações mediúnicas, seja nos casos de obsessão.
Os Espíritos se ligam aos encarnados através da afinidade
de interesses, gostos, pensamentos e ações. É o que
chamamos de “sintonia”. Assim sendo, no caso das
obsessões, fica claro perceber que os espíritos obses
sores atuam sobre os encarnados através de uma ligação
psíquica, onde mentes afins comungam dos mesmos
sentimentos. Por isso se recomendam orações, nos
tratamentos de desobsessão, pois é através
da EVANGELIZAÇÃO de ambos (encarnado e
desencarnado) que o padrão mental se eleva, e a sintonia
psíquica se dissolve.
No ato mediúnico da psicofonia, o médium empresta voz
ao espírito, que lhe transmite seus pensamentos e
também sensações, através da ligação fluídica entre o
seu perispírito, e o perispírito do médium. É um ato de
amor e de caridade, e o médium psicofônico deve
compreender a importância de sua comunhão momentânea
com os Espíritos elevados, que vem nos trazer conforto e
ensinamentos, e com os Espíritos sofredores ou obsessores,
que através do ato mediúnico, podem compartilhar suas
dores, angústias e perturbação mental. A mediunidade de
psicofonia, comumente chamada de “incorporação”, deve
portanto ser compreendida pelo médium como uma
oportunidade de exercer o amor e a caridade cristãs, num
ato despretensioso de doação fluídica, que deve ser
acompanhado das mais sinceras preces, pelos irmãos que
se encontram em sofrimento do outro lado da vida.
Mas o médium deve se aplicar no estudo e na compreensão
não apenas do fenômeno, mas também da Doutrina
Espírita, para melhor servir ao Plano Espiritual. Os médiuns
psicofônicos, trabalhadores das Casas Espíritas, devem
então compreender que os Espíritos comunicantes se
ligam às suas mentes, transmitindo-lhes seus
pensamentos, mas não dominam nem controlam os
seus corpos.
Os médiuns com possibilidade de grande expansão de
energias perispirituais são mais flexíveis, e sentem com
maior intensidade a troca fluídica que se opera entre o
perispírito do médium e o perispírito do espírito
comunicante. Daí o médium sentir vontade de chorar,
quando está ligado a um Espírito em sofrimento; ou sentir
raiva e revolta, se está ligado a um Espírito violento. Mas,
salvo nos casos de mediunidade insconsciente, o médium
deve manter o autocontrole, e conter a manifestação do
Espírito, não cedendo a impulsos de violência e desrespeito
aos presentes. Gritos, murros na mesa, agressões verbais
ou quaisquer atos que viriam a tumultuar o ambiente,
devem ser contidos pelo médium. Isto não é tarefa fácil,
especialmente para o médium em desenvolvimento.
Cabe ao médium ser fiel ao transmitir o pensamento do
Espírito comunicante, ou mesmo traduzir os seus
sentimentos, mas jamais permitir o descontrole, e cabe às
Casas Espíritos orientar e acompanhar o desenvolvimento
mediúnico dos médiuns, para que eles possam ter domínio
sobre suas faculdades, e exercer a mediunidade da
maneira mais proveitosa possível.
O TOQUE
Devido à falta de compreensão de que a ligação entre
médium e espírito se dá pelo psiquismo, muitos
trabalhadores de Casas Espíritas incorrem no erro de
querer conter fisicamente o espírito comunicante, no caso
das manifestações mais violentas, ou mesmo demonstrar
seu afeto e acolhimento ao espírito sofredor, através do
toque.
A falta de esclarecimento e de estudo da Doutrina, faz com
que doutrinadores expressem-se fisicamente, segurando
nas mãos dos médiuns, imaginando assim estarem
transmitindo ao espírito uma sensação carnal de contenção
(segurar as mãos para impedir uma manifestação
exacerbada) ou de compaixão (acariciando a mão do
médium). Mas é AO MÉDIUM que se está tocando,
e não ao Espírito. O Espírito não está lá! Está próximo ao
médium, está ligado fluidicamente ao médium, mas não
está no corpo do médium! Quando o doutrinador segura
nas mãos do médium, é exatamente isso que ele está
fazendo: está tocando O MÉDIUM, e não o espírito!
É preciso que se compreenda que a força que se precisa ter
é psíquica, e não carnal. Que deve-se expressar
amorVIBRANDO amor, e não acariciando as mãos do
médium... Que, ao invés de conter o médium fisicamente, é
preciso ligar-se aos Espíritos Protetores, através de
concentração, oração e doação fraterna, para que
a CONTENÇÃO FLUÍDICA seja transmitida AO
PERISPÍRITO do espírito comunicante, e não ao corpo do
médium! São duas coisas bem distintas...
Os médiuns devem desapegar-se de manifestações
exteriores, e concentrar-se em oração, buscando um
padrão vibratório elevado, com o intuito de emanar fluidos
regeneradores aos espíritos comunicantes. É preciso
harmonizar o ambiente com ORAÇÕES, e não com mãos
dadas. Os médiuns que participam de sessões mediúnicas
e de desobsessão podem colaborar em todas as
manifestações, mantendo-se em ORAÇÃO pelos espíritos
comunicantes.
Ao Doutrinador cabe manter-se em concentração, não
exteriorizando suas intenções ou sentimentos com gestos
de afeto ou de contenção, mas preocupando-se em DOAR,
FLUIDICAMENTE, tudo o que puder para regenerar ou
acalmar os espíritos sofredores ou necessitados que se
manifestam, ao mesmo tempo que, através da CONVERSA
PACIENTE E EDIFICANTE, busca evangelizar o Espírito.
Ao Doutrinardor não cabe JAMAIS o julgamento, mas a
compreensão. Nunca a ameaça, mas o esclarecimento
fraterno. Nunca a contenção carnal, mas a fluídica. Se o
espírito perturbado incomoda e porta-se de maneira
grosseira, que não sejam os Doutrinadores, nem os
trabalhadores encarnados, a adotar a mesma conduta, e
destratar, ameaçar, ou ser impaciente com irmãos
desencarnados em desequilíbrio, trazidos a nós pelo Plano
Espiritual, para buscar a LUZ. O Doutrinador que repele o
Espírito difícil, chegando até mesmo a se recusar a dar
assistência a esses irmãos, falta com a caridade cristã a
esses irmãos, e se coloca em débito não apenas com eles,
mas também com os Trabalhadores Espirituais, que fazem
a sua parte - façamos nós a nossa!
DE CORAÇÃO A CORAÇÃO
Já dissemos que os Espíritos comunicantes experimentam
uma sensação fluídica de calor, quando sentem a mera
aproximação de um Doutrinador que tenha a habilidade de
vibrar amor sincero e fraterno. A simples aproximação de
um Doutrinador que esteja em profunda oração, rogando
sinceramente ao Pai por socorro e conforto, é para o
Espírito sofredor uma sensação acolhedora de quem é
revestido por um cobertor, em dias de frio.
O acolhimento, a calma, a confiança, e até mesmo a
contenção são transmitidos aos Espíritos sofredores
, necessitados ou violentos, pela EMANAÇÃO
FLUÍDICA dos participantes das Sessões Espíritas. É pela
emanação fluídica que os trabalhadores espirituais das
Casas Espíritas se expressam, junto a esses irmãos. Nós,
encarnados, devemos aprender a fazer o mesmo.
Exercitemos a concentração e a emanação fluídica através
da oração, transmitindo, de perispírito a perispírito,
nossos melhores sentimentos de paz, de harmonia e de
reequilíbrio aos irmãos desencarnados em sofrimento,
assim como expressamos amor e gratidão aos Protetores
que nos vêm amparar e ensinar. Vamos compreender o
poder do nosso psiquismo, e concentrar nossas energias
para direcioná-las no trabalho do Bem, especialmente
quando estamos em trabalho nas Casas Espíritas. As
ligações de alma a alma não se expressam pelo corpo físico
- amor, compaixão, solidariedade, fé, esperança e gratidão
são transmitidos de coração a coração, mesmo à distância.
O contato físico não é absolutamente necessário, nos
trabalhos espirituais; vamos tocar nossos irmãos
desencarnados com a força de nosso Amor. Vamos deixar
nossos corações falarem mais alto do que nossos lábios;
vamos levar a eles nossa compaixão através de
nossas almas, e não de nossas mãos. Vamos aprender que
temos, em nossas mentes, um poder que transcende o
mundo material, e que não conhece distâncias. Vamos nos
educar a colocar nossas mentes, através de nosso padrão
vibratório, a serviço do Bem e da Harmonia, seja de irmãos
encarnados ou desencarnados, aprendendo a nos libertamos
da influência pesada da matéria, desde nossa presente
existência terrena.
Liz Bittar
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Colaboração de Célia Regina
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a vida..." - Jesus