domingo, 2 de dezembro de 2012
REFORMA ÍNTIMA
O Conhecer-se no Convívio com o Próximo
"Amar ao próxmo com a si mesmo, fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, é a mais completa expressão da caridade, pois que resume todos os deveres para com o próximo."
(Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XI)
No relacionamento entre os seres humanos, as experiências vividas ensinam constantemente lições novas. Aprendemos muito na convivência social, através de nossas reações com o meio e das manifestações que o meio nos provoca.
O campo das relações humanas, já pesquisado amplamente, talvez seja a área de experiências mais significativa para a evolução moral do homem.
O tempo vai realizando progressivamente o amadurecimento de cada criatura, na medida em que aprendemos, no convívio com o próximo, a identificar nossas reações de comportamento e a discipliná-las.
O relacionamento mais direto acha-se no meio familiar, onde desde criança brotam espontaneamente nossos impulsos e reações. Nessa fase gravam-se impressões em nosso campo emocional que repercutirão durante toda nossa existência. Quantos quadros ficam plasmados na alma sensível de uma criança, quadros esses que podem levá-la a incorformações, angústias profundas, desejos recalcados, traumas, caracterizando comportamentos e disposições na fase da adolescência e na adulta.
No convívio escolar, iniciamos as primeiras experiências com o meio social fora dos limites familiares. As reações já não são tão espontâneas. Retraímo-nos às vezes; a timidez e o acanhamento refletem de início a falta de confiança nas professoras e nos colegas de turma. Aprendemos paulatinamente a nos comportar na sociedade, com reservas.
Vamos assim caminhando para a adolescência, fase em que nossos desejos se acentuam. O querer começa a surgir, a auto-afirmação emerge naturalmente, a nossa personalidade se configura. Aparecem as primeiras desilusões, as amizades não correspondidas, os sonhos frustrados, as primeiras experiências mais profundas no campo sentimental.
No convívio com o próximo, desde a nossa infância, no lar, na escola, no trabalho, agimos e reagimos emocionalmente, atingindo os domínios dos outros e sendo atingidos nos nossos. Vamos, assim, nos aperfeiçoando, arredondando as facetas pontiagudas do nosso ser ainda embrutecido, à semelhança das pedras rudes colocadas num grande tambor que, ao girar continuamente, as modela em esferas polidas pela ação do atrito de parte a parte.
As vidas corpóreas constituem-se, para o espírito imortal, no campo experimental, no laboratório de testes onde os resultados das experiências se vão acumulando. "A cada nova existência, o espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas as suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea." (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. cap IV, perg. 168)
O conhecer-se implica em tomarmos consciência de nossa destinação com participantes na obra da criação. Dela somos parte e nela agimos, , sendo solicitados a colaborar na sua evolução global; Deus assim legislou.
Parece claro que caminhamos ainda hoje aos tropeços, caindo aqui e levantando acolá, nos meandros sinuosos da estrada evolutiva que ainda não delineamos firmemente. Constantemente alteramos os rumos que poderiam nos levar mais rapidamente ao alvo. Os erros nos comprometem e nos levam às correções, por isso retardamos os passos e repetimos experiências até que delas colhamos bons resultados, para daí avançarmos.
O conhecer-se é o próprio processo de autoconscientização, de reconhecimento de nossas limitações e dos perigos a que estamos sujeitos no campo das experièncias corpóreas. É ponderar sempre, é refletir sobre os riscos que podem comprometer a nossa caminhada ascensional e tomar decisões, definir rumos, dar testemunhos.
É precisamente no convívio com o próximo que expressamos a nossa condição real, como ainda estamos - não o que somos, pois entendemos que, embora ainda ignorantes e imperfeitos, somos obra da Criação e contamos com todas as potencialidades para chegarmos a perfeitos. Estamos todos em condições de evoluir. Basta queremos e dirigirmos nossos esforços para esse mister.
Uma das melhores diretrizes para chegarmos a isso nos é oferecida pelo educador Allan kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap XVII, Sede Perfeitos, O Dever) que diz: "O dever começa precisamente no momento em que ameaçais a felicidade e a tranquillidade do vosso próximo, e termina no limite que quereríeis alcançar para vós mesmos."
(Trecho extraído do livro "Manual Prático do Espírita" de Ney P. Peres)
Colaboração de Célia Regina
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