quinta-feira, 20 de junho de 2013
REFORMA INTERIOR
Vaidade
"O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhece-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar asorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela, é apenas a sua incúria."
(Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap V, ítem Causas Atuais das Aflições.)
A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:
a) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos
usados, nos gestos afetados, no falar demasiado);
b) Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;
c) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;
d) Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;
e) Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentue as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;
f) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;
g) Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros,
culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.
A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela, os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os amigos e os próprios familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certamente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.
O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.
O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranquila, para aprofundar-se até às raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar-se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.
(Do livro Manual Prático do Espírita de Ney Prieto Peres)
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