domingo, 29 de setembro de 2013

O MANTO DE NIX


              O Manto de Nix: do mito à razão


O Mito
 
A noite sempre foi o maior dos mistérios para o Ser Humano e seu maior medo. Qual criança nunca sentiu medo do escuro? Para mostrar que a noite não é algo tão ruim assim, os gregos antigos criaram um belo mito sobre a deusa Nix (que em grego quer dizer “noite”). Nix é uma deusa-mãe muito antiga que habita o espaço conhecido como “nível telúrico” (este espaço terrestre onde vivemos) ao lado de Heméra (o dia), Éter (os espaços aéreos) e Deméter (a Natureza).
 
Os gregos diziam que a luz é eterna e jamais se apaga nas alturas dos montes sagrados e dos céus. Porém, nós, os mortais, não conseguimos nos manter acordados todo o tempo, como fazem os deuses. Nós necessitamos de descanso... É exatamente por isso que diariamente no fim da tarde Nix, bondosa e cuidadosa para com seus filhos, os mortais, estende por sobre todo o mundo seu enorme manto de veludo azul-escuro: o manto de Nix. Este manto é noite que nos aquece, protege e propicia tranquilidade e conforto para dormirmos em paz. De manhãzinha, a filha querida de Nix, Aurora, com seus belos dedos cor-de-rosa retira lentamente o manto de Nix e traz novamente a claridade ao mundo. No entanto, este manto está sendo usado há muito tempo e já está velho e puído. Durante a noite pode-se ver os pequenos furinhos que este manto tem e, através deles, perceber que por trás do veludo a luz brilha eternamente. Estes furinhos são as estrelas.
 
Há quem considere o povo grego como que um gênio que realizou o milagre do nascimento da Razão. Há quem pense, no entanto, que não há mais que um eterno retomar, sempre fundamentado na origem ocidental. Há quem considere que deste gênio, simplista, harmônico e luminoso, emergiu a Filosofia, como culminância de um povo. Há, no entanto, quem imagine que os gregos sempre estiveram imersos em guerras contínuas e em desespero, “dilaceramento trágico e desmedido, de tal forma que a Filosofia exprime a obscuridade do gênio helênico”. A Razão é então um libertar da obscuridade mítica, “libertado do mito, como as escaras caem dos olhos do cego”, ou seria ela tão-somente a continuação do próprio mito e da religião, como herdeira inevitável?
 
Assim como o poeta, o adivinho possui o privilégio de ver a realidade imutável e permanente, põe-no em contato com o seu original, do qual o tempo, na sua marcha, só descobre uma ínfima parte aos humanos, e para a ocultar logo após.
 
Um dia chegará em que Nix retirará de sobre tal verdade seu manto e em um apokalypsis o divino aither, de que são formadas as estrelas, mostrará sua face mais brilhante ao ser humano.
 
(Texto retirado do blog Dream Generator)
 
 
Poema Relacionado
 
A Noite
 
Quem disse que a noite é triste?
Quem comentou sua escuridão?
Não. A noite não é como dizem;
É apenas um espaço de tempo na imensidão!
Fico a observar as estrelas...
Todas brilham e reluzem com graça.
Vejo a lua tão bela e clara,
Queria estar agora num banco de praça...
Queria poder desfrutar desta paz
Que só a noite consegue transmitir.
Queria sentir a brisa suave
Que passa cheirosa a sorrir.
A noite  é como as pessoas:
Quietas e mansas se as amamos,
Mas, se pensamos nelas como trevas,
Criamos na mente perigos e enganos...
Amo a noite que que me entretece os sonhos.
Sonho acordada sem medo e sem dor,
Mas se me entrego ao sono que ela abriga,
Desperto feliz, repleta de amor!
ceres
 

 

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