quinta-feira, 3 de setembro de 2015

MEDIUNIDADE E SEU DESENVOLVIMENTO


Therezinha Oliveira

A Mediunidade
É natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, porque também somos espíritos, embora estejamos encarnados.
Pelos sentidos físicos e órgãos motores, tomamos contato com o mundo corpóreo e sobre ele agimos.
Pelos órgãos e faculdades mentais mantemos contato constante com o mundo espiritual, sobre o qual também atuamos.
Todas as pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos.
A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos etc.
Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo.
Nelas, os fenômenos são freqüentes e marcantes, acentuados, bem característicos (psicofonia, psicografia, efeitos físicos etc.), ficando evidente uma outra individualidade, a do espírito comunicante.
A essas pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.
Médium é uma palavra neutra (serve para os 2 gêneros), de origem latina; quer dizer medianeiro, que está no meio.
De fato o médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual, podendo ser o intérprete ou instrumento para o espírito desencarnado.
Mediunidade é a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o espiritual.
Sendo uma faculdade, é capacidade que pode ou não ser usada.
Sendo natural, manifesta-se espontaneamente, mas pode ser exercitada ou desenvolvida.
Sua eclosão não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação religiosa.

Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento, perturbação, desequilíbrio.
Firmou-se até um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra perturbada deve ter mediunidade.
Entretanto, a mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a ação de espíritos ignorantes, sofredores ou maus.
Não se deve colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações. Primeiro, é preciso ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de passes, vibrações e esclarecimentos doutrinários. Deve-se recomendar, também, a visita ao médico, porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o tratamento será feito pela medicina.
Para o desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.

Sinais Precursores
A mediunidade geralmente fica bem caracterizada, quando:
  • há comprovada vidência ou audição no plano espiritual;
  • se dá o transe psicofônico (mediunidade falante) ou psicográfico (mediunidade escrevente);
  • há produção de efeitos físicos (sonoros, luminosos, deslocação de objetos) onde a pessoa se encontre.
Mas nem sempre é fácil e rápido distinguir as manifestações mediúnicas, quando em seu início, das perturbações fisiopsíquicas.
Eis alguns sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem facilidade para a percepção de fluidos, para o desdobramento (que favorece o transe) ou que está sob a atuação de espíritos:
  • sensação de "presenças" invisíveis;
  • sono profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis;
  • sensações ou idéias estranhas, mudanças repentinas de humor, crises de choro;
  • "ballonement" (sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobramento perispiritual;
  • adormecimento ou formigamento nos braços e pernas;
  • arrepios como os de frio, tremores, calor, palpitações.

Como Desenvolver a Mediunidade
Do ponto de vista espírita, desenvolver mediunidade não é apenas sentar-­se à mesa mediúnica e dar comunicações.
É apurar e disciplinar a sensibilidade espiritual, a fim de tê-la nas melhores condições possíveis de manifestação, e aprender a empregá-la dentro das melhores técnicas e visando as finalidades mais elevadas.
Esse desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:
a.     Doutrinária.
O médium precisa conhecer a Doutrina Espírita para compreender o Universo, a si mesmo e aos outros seres, como criaturas evolutivas, regidas pela lei de causa e efeito.
Atenção especial será dada à compreensão do intercâmbio mediúnico, ação do pensamento sobre os fluidos, natureza e situações dos espíritos no Além, perispírito e suas propriedades na comunicação mediúnica, tipos de mediunidade, etc.
b.    Técnica.
Exercício prático, à luz do conhecimento espírita, para que o médium saiba distinguir os tipos dos espíritos pelos seus fluidos, como concentrar ou desconcentrar, entender o desdobramento, controlar-se nas manifestações e analisar o resultado delas, etc.
Observação: quando se inicia a prática mediúnica, pode ocorrer de os sinais precursores se intensificarem e ampliarem. Não pense o médium que seu estado piorou. É que os espíritos estão agindo sobre os centros de sua sensibilidade e preparando o campo para as atividades mediúnicas. Persevere o médium, mantendo o bom ânimo e aos poucos, com a educação de suas faculdades, as sensações ficarão bem canalizadas, não mais causando perturbações.
c.     Moral.
É indispensável a reforma íntima para que nos libertemos de espíritos perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os bons espíritos, dando orientação superior ao nosso trabalho mediúnico.
A orientação cristã, à luz do Espiritismo, leva-nos à vigilância, oração, boa conduta e à caridade para com o próximo, o que atrairá para nós assistência espiritual superior.


Livros consultados:
De Allan Kardec:
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, caps. XVII e XVIII.
De Léon Denis:
- "No Invisível", caps. XXII e XXV.
Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira - Ed EME














Colaboração de Célia Regina


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