domingo, 13 de janeiro de 2013

APRENDENDO UM POUCO MAIS


 
ENTREVISTA REALIZADA PELA ALIANÇA MUNICIPAL ESPÍRITA DE SETE LAGOAS (MG) com WALTER BARCELOS





Pergunta – O que fazer para desenvolver a nossa capacidade de paciência a fim de ouvir as crianças? Onde encontrar subsídios para o nosso preparo?

Walter Barcelos –
Esta orientação não é só para o evangelizador: é para todo trabalhador espírita de boa vontade. Façamos do Evangelho de Jesus a luz de nossos pensamentos, o pão de nosso espírito, o roteiro de nossos passos, as regras das boas maneiras que precisamos adquirir, o fator educativo de nossos sentimentos, a cartilha de nossa meditação diária, o aprendizado cotidiano para nossas ações, os princípios libertadores de nossa formação moral, as indicações para o melhor relacionamento com o próximo, a força interior do domínio de nossas más tendências e energia poderosa para amar, mesmo sem sermos amados, o ideal superior de trabalho sem esperar resultados imediatos e nem recompensas de gratidão. Buscando sem cessar essa luz interior (resultado da sincronia harmoniosa entre cérebro e coração), com o passar dos dias, veremos crescer nossa capacidade intima de compreender e amar os seres humanos, muito especialmente a criança. Não basta estudar e conhecer o Evangelho de Allan Kardec. Imprescindível aprender e educar-se, compreender e sentir, amar e trabalhar sintonizado com o Cristo de Deus na plenitude de nosso coração.

Pergunta – Muitas crianças, quando se encontram na idade de ir para os ciclos de Mocidade, afastam-se da casa espírita. Como incentiva-los e motiva-los a permanecer?

Walter Barcelos –
Nos dias atuais, as crianças chegam à fase da pré-adolescência e passam a ter atitudes de adultos, sem que ainda o sejam. Querem a todo custo ser o que ainda não são: adultos com todos os direitos, desejos e liberdades. infelizmente boa parte dos adolescentes passa a usar o livre arbítrio apresentando mais fatores negativos que positivos em sua personalidade. Isto é muito natural, devido à condição de nosso planeta ainda moralmente inferior. Na fase infantil dos filhos, os pais podem monitorar com certa facilidade o seu livre arbítrio, sua liberdade e até o seu “querer”. Quanto aos jovens adolescentes, os genitores e dirigentes espíritas não podem impor autoridade ao seu livre arbítrio no sentido de fiscalizar e cercear sua liberdade. Nesta fase, o espírito está deixando a fase infantil (aprisionada às fronteiras da afetividade doméstica) e começa com toda a volúpia a usar a própria vontade na satisfação de seus próprios interesses dentro das múltiplas ofertas que o mundo propõe na atualidade. Agora a responsabilidade é mais dele do que dos pais e dos próprios dirigentes do Departamento de Infância e Juventude. Será muito ingenuidade de pais e dirigentes quererem monitorar o livre arbítrio dos jovens adolescentes. É na intimidade do espírito, usando sua própria vontade, que o jovem faz suas escolhas. Uma delas é abandonar a escola da fé espírita que vinha freqüentando semanalmente na Escola Espírita de Evangelização da Criança. Podemos fazer muito pelo jovem, tendo relacionamento amigo, simpático e respeitoso, porém em ultima instancia quem vai determinar se permanece ou se afasta será ele mesmo. Podemos vigiar as crianças e não os jovens adolescentes. As reuniões de Mocidade principalmente dos adolescentes devem ser mais amenas nos estudos, variando os temas doutrinários, atendendo algumas vezes a sua preferência; recebendo mensalmente um companheiro mais experiente para fazer algum tipo de estudo bastante dialogado; promovendo campanhas e tarefas de assistência fraterna que venham a integrar a alegrar mais os jovens corações. Os jovens devem ser preparados com carinho para serem no futuro bons trabalhadores espíritas. Os mais velhos e experientes da casa espírita têm o dever educacional de se integrar mais de coração com os jovens, pelos laços sagrados da amizade sincera, tal como Jesus nos ensinou. É preciso plantar as sementes do amor fraterno no solo dos corações jovens, sem esperar com ansiedade e pressa os bons resultados, pois isto seria precipitação, e este sintoma sinaliza imaturidade naquele que deseje ajudar na boa educação da juventude espírita.

Pergunta – Na casa espírita, quais as tarefas mais adequadas aos jovens?

Walter Barcelos –
Não resta a menor dúvida de que os jovens devem, em primeiro lugar, promover reuniões semanais de estudos da Doutrina Espírita, a começar pelas Obras Básicas de Allan Kardec. Em suas reuniões, não realizar somente estudo sistematizado, pois isto pesaria muito no entusiasmo dos jovens, cansando-os e afugentando-os. Alternar estes estudos doutrinários com promover outras reuniões mais amenas, misturando técnicas de estudos em grupo, favorecendo um melhor e maior relacionamento afetivo entre os adolescentes. Trabalhar a música instrumental, o canto individual e coral, pequenas peças de teatro formadas de breves diálogos. Uma observação merece ser feita: as atividades artísticas na Mocidade devem ser acessórias e nunca predominar sobre a aprendizagem da Doutrina Espírita. Realizar atividades de assistência fraterna, de forma mensal ou bimestral, onde os jovens possam dar sua real colaboração dentro da casa espírita, integrando-os com os trabalhadores mais velhos e experientes. O intercâmbio afetivo nos trabalhos do centro constitui fator relevante na preparação dos jovens para o futuro do Movimento Espírita. Os jovens não podem ficar isolados em suas atividades, distantes do relacionamento com os mais velhos e experientes. A separação física e afetiva entre os jovens e os mais velhos na casa espírita denota gravíssima falha educacional daqueles que se propõem educá-los.

Pergunta – Antes de iniciar os trabalhos práticos, quais são as etapas preliminares a serem vencidas por um grupo mediúnico?

Walter Barcelos –
O primeiro passo muito importante de qualquer grupo mediúnico no inicio de suas tarefas será, inegavelmente, promover estudos doutrinários sistematizados de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, e mais algumas obras que tratam do assunto Mediunidade com grande fidelidade às obras da Codificação, como por exemplo: “Desobsessão”, de André Luiz/Francisco Cândido Xavier; “Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz/Francisco Cândido Xavier; “Seara dos Médiuns”, de Emmanuel/Francisco Cândido Xavier; “Diálogo com as Sombras”, Hermínio C. Miranda, e outras boas obras da extensa biografia espírita. Que esse grupo inicialmente estude pelo menos dois a três anos, antes de iniciar suas tarefas na casa espírita. Observando a freqüência de cada companheiro espírita, os que alcançarem ótima assiduidade nesse período de dois a três anos de estudos sérios, comece somente com eles o trabalho de desobsessão. Daí para a frente, que esse grupo não deixe nunca de estudar, de forma sistemática, a Doutrina Espírita, com dia e hora especiais para esta atividade.

Pergunta – A uma vitima de obsessão podemos revelar alguma coisa do seu passado, com o intuito de mostrar-lhe os motivos da “cobrança”?

Walter Barcelos –
A revelação de acontecimentos tristes e desagradáveis de vidas passadas não é boa para nenhum espírito, muito especialmente para os irmãos que estão experimentando processos obsessivos graves e obstinados. Estes irmãos enfermos não estão nem com o raciocínio e nem com os sentimentos preparados para analisarem e compreenderem com grandeza de fé seus erros, vícios e crimes de encarnações passadas. Se fossem muito úteis essas revelações de ontem, poderíamos estar certos de que os Mentores Espirituais estariam revelando fatos e causas de vidas pretéritas em todos os trabalhos mediúnicos e em todos os centros, mas é o que nunca acontece. Os espíritos superiores, com sua sabedoria, reconhecem a inoportunidade da regressão a vidas passadas e dos gravames que os tristes acontecimentos possam acarretar às mentes fracas e torturadas pelas más ações em vidas passadas. É para a frente que se anda! Vamos sim esclarecer esses nossos irmãos enfermos com as boas palavras dentro dos ensinos e orientações de fé, amor e caridade do Evangelho de Jesus. Não é à toa que a reencarnação como que faz descer o véu do esquecimento completo de nossas vidas passadas, a fim de recomeçarmos o aprendizado com todo o vigor, com toda a vontade, com toda a esperança... Esta é a mensagem maior que poderemos passar a todas as pessoas em processo obsessivo.

Pergunta – Na sua visão, quais as maiores dificuldades e desafios que as casas espíritas enfrentam na tarefa de Assistência Social? Como amenizá-las ou solucioná-las?

Walter Barcelos –
A casa espírita precisa promover atividades de assistência social, pois, caso contrário, não terão contato com os que mais sofrem, muito principalmente atendendo com amor, carinho e gentileza os mais abandonados e desprotegidos da sociedade, caracterizando-se pela miséria, fome, nudez, falta de moradia, desarmonia na união conjugal, problemas de vícios e obsessão no ambiente familiar.
O grupo espírita deverá realizar tarefas de assistência e manter instituições de caridade sempre compatíveis com os seus próprios recursos financeiros, a fim de não ultrapassar as despesas mensais do que se arrecada em donativos e recursos amoedados no grupo espírita ou proveniente de outras fontes.
O melhor em matéria de serviços de assistência para a equipe espírita será escolher pequenas, valiosas e proveitosas atividades de amor ao próximo que não exijam muito dinheiro e nem pesem em demasia na balança financeira, dando oportunidade de serviço a muitos companheiros, dispensando criar e sofrer por manter obras monumentais para trabalhar na caridade. O trabalho de assistência social não pode se transformar numa tortura financeira, pois esqueceremos a essência e finalidade da caridade. Encerrando este humilde esclarecimento, vamos reproduzir as palavras do devotado amigo espiritual Batuíra, em seu livro “Mais Luz”, lição n. 84, pág. 109-110, que traduz para nós uma boa e prudente orientação para os grupos espíritas da atualidade, quanto às suas lutas e dificuldades na manutenção dos serviços de caridade: “Abeiramo-nos de uma época em que a bênção da caridade precisará nascer no rumo da prestação de serviço e, por esta mesma razão, as próprias casas de beneficência, no porvir, se manterão por si próprias à custa do esforço e da colaboração dos que se beneficiam delas e daqueles que as dirigem com alma e coração”.

 
Entrevista concedida por Walter Barcelos, extraída do sitewww.mariadenazare.com.br/editora_didier/artigos/artigo0021.html - 16k



colaboração de Ceres

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